Totalmente ansiosa para ver o belo Diego, Karen sai de seus aposentos e desce para a festa. Ela estava impecável. Assim que colocou os pés na escada, e à medida que ia descendo os degraus, atraia para si todos os olhares da festa. Estava vestindo um brilhoso vestido branco e seus cabelos, longos, louros e encaracolados, estavam soltos sobre seus ombros, tocando sua cintura. Usava um belo colar de pérolas, seus brincos, precisamente, combinavam com o colar.
Karen descia as escadas com olhos atentos, à procura do seu amado, Diego.
- Onde ele está?- perguntou a si mesma.
Assim que chegou ao salão de festa, seu noivo veio ao seu encontro.
- Meu amor, você está maravilhosa!- exclamou ele após beijar sua mão
- Oi Henrique, você... você também está muito elegante.- disse com voz falha.
- Você poderia, pelo menos, tentar fingir que me ama! Estamos em público. – sussurrou em seu ouvido.
- O público já está cansado de saber que eu só estou com você porque estou sendo obrigada pelo meu pai.
- Vai se acostumando com a idéia, meu amor, você vai ser minha. – sorriu – Vou buscar uma bebida para nós.
- Asqueroso, nojento, idiota... Vamos ver se serei sua! – após sussurrar para si mesma, Karen sai à procura de Diego.
Ela precisava encontrá-lo, pois na noite passada havia recebido dele uma correspondência, através de uma amiga, onde dizia:
Minha amada
Não consigo viver um minuto só longe de você.
Eu já planejei tudo
Amanha a noite, quando todos estiverem na festa
Nós dois fugiremos para bem longe daqui
Onde poderemos nos amar para sempre!
De quem te ama:
Diego
Ela estava disposta, já havia decidido que ser feliz com o amor da sua vida valia mais que tudo. Porém desapontar seus pais, envergonhar o nome da família e provocar ódio em Henrique, que iria atrás dela até o fim do mundo, se necessário, assombravam seus pensamentos. Ela estava com medo, medo de não ter coragem o suficiente para fugir, medo de desapontar Diego.
Ela caminhava, com pressa, entre as pessoas à procura do amado quando, de repente, um braço masculino a puxa para trás de um armário.
- Karen! – disse Diego, com voz suave.
- Diego meu amor, até que enfim te encontrei.
- Acho que eu te encontrei. – disse beijando-a o pescoço.
- Diego, aqui não, por favor, podem nos ver.
- Deixe que nos vejam, pois será a última vez mesmo, não é?
- Si... Sim! – respondeu ela com voz trêmula.
Naquele momento suas emoções estavam à flor da pele, nunca havia ficado tão nervosa assim. Estava ofegante. Seu coração batia forte, sua boca estava seca e suas pernas quase não sustentavam seu formoso corpo. Karen pensava em desistir.
- Meu amor, combinei com a Renata e daqui cinco minutos – disse olhando para seu relógio de pulso – ela vai procurar Henrique e entretê-lo para que possamos sair sem que ele nos veja.
- Mas como ela vai fazer isso?
- Bem, na verdade eu não sei, mas ela disse que ia desmaiar na frente dele, derrubar bebida em suas roupas, e se ainda assim não o parasse, tascaria um beijo na boca dele, em plena festa.
- Nossa, eu até queria ver esta cena, a Renata beijando-o em plena festa. – disse Karen, rindo.
- Você não ficaria com ciúmes, não é? – perguntou Diego ironicamente.
- Não, nem um pouco! Para de brincadeira.
Karen estava cada vez mais nervosa, seus pensamentos todos desorganizados em sua mente.
- Está na hora, vamos Karen!
Diego tomou-a pelo braço e andava pelo meio da festa. Karen, com os olhos lacrimejados, o seguia logo atrás. As pessoas olhavam espantadas, enquanto eles se dirigiam para a porta dos fundos.
- Diego, estão todos olhando para nós!
- Deixe eles para lá, vamos logo antes que Henrique nos veja.
Deixaram o salão, e ao sair pela porta, Karen pára.
- Karen? O que foi?
Karen olhava para o chão, a procura de palavras, mas não encontrava.
- Meu amor, eu sei que você está com medo, mas se quiser viver comigo sabe que tem que ser assim. – falou Diego, com voz triste. – seu pai nunca vai aceitar nosso casamento.
- Eu sei! E eu quero viver com você, mas meu pai nunca me perdoaria.
- Então, você não vem?
Diego olhava em seus olhos, sua expressão era difícil de decifrar, percebia-se que ele estava muito decepcionado, mas com a esperança de ouvir a resposta que ele esperava.
- E... eu... eu não posso, Diego. Me perdoe!
- Você prefere ficar e se casar com aquele interesseiro?
- Você sabe que não.
- Então você não me ama mais?
- Amo.
As lágrimas corriam pelo rosto de Karen.
Diego virou as costas e estava indo embora.
- Você vai embora? – perguntou Karen.
Houve um silêncio por alguns instantes, e olhando fixamente em seus olhos ele respondeu:
- Não há mais nada para fazer aqui. – disse enquanto dos seus olhos desabrochavam as mais tristes lágrimas e escorriam, molhando sua face.
Com voz trêmula ela suspira e diz:
- Me perdoe!
- Tudo bem, não se sinta culpada, tem todo o direito de escolha. Adeus!
Ele foi embora. Ela caiu no chão, ali mesmo, e o choro tomou conta dela. Talvez nunca mais o visse, talvez nunca mais fosse feliz. Pelo menos, carregava um pedaço dele dentro de si, sim uma eterna lembrança, um fruto deste amor em seu ventre.